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segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

ROLOU UMA QUIMICA

Proclamado Ano Internacional da Química, 2011 termina com resultados positivos para essa ciência que tenta deixar para trás a imagem de vilã.

A área da ciência que esteve em maior evidência no mundo em 2011 foi a química. Não por causa de uma descoberta revolucionária ou de um avanço pontual, mas pelas inúmeras atividades ligadas à divulgação da ciência que estuda a estrutura e transformação das substâncias. Como você deve saber, 2011 foi proclamado pela Organização das Nações Unidas o Ano Internacional da Química (AIQ).
Durante o ano, dois novos elementos foram incorporados à tabela periódica, e a Academia Real de Ciências da Suécia chamou a atenção ao conceder o Nobel de Química ao israelense Daniel Shechtman pela descoberta dos quasicristais, feita há quase 30 anos.
Quanto à pesquisa na área, o foco esteve principalmente na nano e biotecnologia
Observou-se ainda forte aproximação da química com a sustentabilidade por meio do estudo de processos naturais.
No Brasil, a comemoração do AIQ foi considerada um sucesso.
Entre as principais ações realizadas no país, destaca-se o projeto ‘pH do planeta’, a exposição ‘A química no cotidiano’ e o lançamento do livro A química perto de você.
Na primeira ação, alunos de ensino fundamental e médio receberam kits para medição de pH, salinidade e pureza de amostras d’água das cidades em que moram. Os resultados foram reunidos em um portal na internet e revelam um panorama da qualidade da água em todo o Brasil. Mais de 35 mil kits foram distribuídos.
A exposição ‘A química no cotidiano’ foi uma iniciativa da Sociedade Brasileira de Química (SBQ) e do Museu da Vida, da Fundação Oswaldo Cruz. Trata-se de um conjunto de 20 painéis que contam a história e falam da importância da química.
Já o livro A química perto de você, reúne experimentos de baixo custo testados em laboratórios da Universidade Federal de Santa Maria (RS).
As três atividades ajudaram a aproximar a SBQ das escolas de educação básica.
O impacto disso deve se refletir a médio e longo prazo, com maior procura dos estudantes por carreiras ligadas à pesquisa.

Prêmios Nobel no Brasil

Vários pesquisadores laureados com o Nobel na área, como o britânico Harold Kroto (premiado em 1996), o estadunidense Martin Chalfie (2008) e o japonês Akira Suzuki (2010), estiveram no Brasil para ajudar a divulgar a ciência.
Em um único evento, a Escola São Paulo de Ciência Avançada em Produtos Naturais, Química Medicinal e Síntese Orgânica, realizada na Universidade Estadual de Campinas em agosto, quatro detentores de Nobel de Química estiveram presentes: o suíço Kurt Wütrich (2002), o estadunidense Richard Schrock (2005), a israelense Ada Yonath (2009) e o japonês Ei-Ichi Negishi (2010).
Neste ano, a química invadiu até a mais tradicional festa popular brasileira. Em Recife e Olinda (PE), os carnavalescos viram desfilar bonecos gigantes das cientistas Marie Curie (1867-1934) e Johanna Döbereiner (1924-2000). Maceió assistiu ao desfile do bloco ‘AIQ bom’.
A revista Ciência Hoje e a CH On-line também participaram das comemorações com a publicação ao longo do ano de uma série de artigos e reportagens sobre química.

Química e mulheres

O AIQ foi instituído para comemorar os cem anos do Nobel de Química da polonesa Marie Curie, primeira mulher a receber o prêmio e até hoje a única a ganhar dois Nobel. Em 1903 ela foi agraciada com o de Física.
Curie foi laureada por descobrir os elementos rádio e polônio, por isolar o rádio e por estudar a natureza e os compostos desse elemento. Um século depois, a participação feminina na ciência ainda é restrita, mas elas já ocupam vários postos de liderança.
Além do centenário do prêmio Nobel de Química de Marie Curie, o ano de 2011 marcou a comemoração de outros episódios importantes na história da química, como os 100 anos da criação do modelo atômico de Ernest Rutherford (1871-1937).
A tendência dos químicos de todo o mundo é buscar, cada vez mais, processos e produtos naturais em vez de investir apenas na síntese de substâncias.
Nesse sentido, as pesquisas nas áreas de nano e biotecnologia são as mais promissoras. A utilização de fibras naturais misturadas com polímeros pode substituir o uso de metais, que são finitos, na construção de produtos.

Célio YanoCiência Hoje On-line/ PR